Desinteresse, desmotivação, desestruturação familiar. Basicamente, esses são os principais fatores que levam a evasão
escolar. O diagnóstico é do Fórum de Evasão Escolar, realizado nesta
sexta-feira (5), no Centro Comunitário São Francisco de Assis, da Cáritas
Diocesana de Jundiaí. A iniciativa foi da Rede SocioAssistencial Novo
Horizonte, formada por diferentes segmentos do bairro interessados na melhoria
da qualidade de vida dos moradores daquele bairro.
Profissionais da Educação, de entidades sociais, sociedade
civil, Conselho Municipal em Defesa da Criança e do Adolescente (CMDCA),
Conselho Tutelar e Guarda Municipal participaram do evento, que teve como objetivo
minimizar a debandada de alunos das escolas públicas pertencentes à
microrregião do Vetor Oeste (Residencial Jundiaí, Almerinda Chaves e Jardim
Novo Horizonte).
Para Rafael Carvalho Ferreira, diretor da Escola Estadual
Dom Joaquim Justino Carreira, no Almerinda Chaves, a desestrutura familiar pode
ser apontada como a principal responsável pela evasão escolar. “Essa desestrutura
familiar leva a criança ao mundo das drogas, ao uso, ao tráfico, muitas vezes
até para levar para casa o dinheiro que falta com a crise e o desemprego,
argumentou.
Na mesma linha, Leandro Aparecido Alves Moreira,
vice-diretor da E.E Alessandra Cristina Rodrigues de Oliveira Pezzato, no
Residencial Jundiaí, acrescentou que muitas vezes a escola pouco tem a fazer
para mudar essa realidade. “Não existe nenhum órgão que atue junto com a
escola. O resultado é o abandono, a retenção”, lamentou.
Há 14 anos como coordenadora da Casa da Fonte, no Jardim
Novo Horizonte, Maria Cristina de Andrade concordou que a desestrutura familiar
interfere diretamente nessa questão.No entanto, para ela, outro fator desestimula
a permanência das crianças na escola: a falta de preparo. “O aluno não pode
sair do quinto ano sem estar alfabetizado e sem saber as quatro operações
matemáticas básicas. Isso se torna um complicador, que muitas vezes leva ao
bulling, desestimulando a criança a continuar na escola”, ressaltou.
Acompanhamento
Representante da Associação de Acolhimento Bom Pastor, Rodrigo
Pierobon revelou que muitas crianças deixam de ir à escola para participar das
atividades oferecidas pela instituição. “Como instituição, eu não posso deixar
de receber essas crianças, não posso fechar os olhos para isso”, afirmou,
destacando as atividades lúdicas e recreativas ali desenvolvidas, que acabam
despertando mais interesse que a escola tradicional.
O mesmo fenômeno é verificado na Cáritas, entidade que atua
literalmente de portões abertos e atrai os estudantes. “As crianças não vão à
escola e vêm ao centro comunitário jogar bola. Aqui eles são orientados a
voltar para casa. Quando a situação é frequente, nossa equipe faz uma visita
domiciliar, fala com escola e procura o Conselho Tutelar”, contou a diretora
Cáritas Diocesana Maria Rosangela Moretti.
Na primeira semana de agosto, o município também terá a
realização do programa ‘Lugar de Aluno é na Escola’, criado pelo vereador
Edicarlos Vieira por meio da lei municipal 8.975, de 19 de junho de 2018.
“Apoiamos a iniciativa da Rede Novo Horizonte porque buscamos incentivar a
permanência de crianças e adolescentes no contexto escolar. Queremos, com isso,
que sejam definidas metas e caminhos para que os jovens atinjam seus objetivos
pessoais e profissionais”, destacou Edicarlos, que participa das reuniões da
Rede.
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